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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Onde estão os grandes ideais?


Onde estão os grandes ideais?
Devemos ser construtores de uma nova sociedade, a civilização do amor

A fase em que nos encontramos, juventude, é, sem dúvida, marcada pelos grandes projetos e desafios, pelos desejos de construir um mundo diferente. Lançando um olhar sobre a História, encontramos vários momentos quando os jovens protagonizaram lutas e conquistas que marcaram época, décadas, a própria história – a tradição diz que a própria Virgem Maria deu o seu “sim”, que mudou o rumo da humanidade e dividiu a história ao meio, na plena flor da idade –. Não faz muito tempo, João Paulo II dizia: “A juventude de nosso tempo sente poderosamente a atração para as alturas, para as coisas árduas, para os grandes ideais” (Rio de Janeiro, 1980). 

Hoje, infelizmente, a realidade é um tanto diferente; preocupa-me a minha própria geração. Martela sempre em minha mente a pergunta: Onde estão os grandes ideais? Tenho a sensação de que o advento da tecnologia fez ruir a satisfação diante do que é árduo. Hoje, o que conta é a comodidade, o conforto e a lei do menor esforço. Em lugar de protagonistas, os jovens, e não apenas eles, assumem um papel de espectadores dos acontecimentos. 

A sociedade pós-moderna na qual vivemos tem como filosofia de vida o individualismo, vigora o “Cada um por si e Deus por todos”. Cada um pensa exclusivamente na própria felicidade, os outros que se “lixem”. Cada um busca apenas “o seu lugar ao sol”. 

Quando observo meus colegas na universidade, tenho a sensação de olhar seres anestesiados. A única coisa que lhes interessa é receber o certificado e fazer a festa de formatura. Não há empolgação por nada que não tenha a ver diretamente com isso. Parece que ninguém mais quer mudar o mundo, cada um quer mudar apenas o seu próprio mundo. Por vezes, não lhes interessa sequer mudar o próprio mundo, uma vez que não se mobilizam nem para conseguir benefícios para o curso ou para a comunidade estudantil, da qual fazem parte. 

Projetos que beneficiam os mais carentes, outrora comuns entre os estudantes universitários, hoje quase inexistem. Se alguém convida a fazer um trabalho de cunho social, ninguém – ou quase ninguém – adere. Parece que todos se esqueceram - ou sequer tomaram conhecimento - de que há entre nós – a humanidade inteira – um pacto ou laço da solidariedade universal (cf. Cat 344). Não é possível ser feliz sozinho. Como é possível ser completamente feliz enquanto há alguém passando fome, alguém que não sabe ler, que não tem trabalho, que não tem uma moradia digna, que não tem como cuidar da saúde? Somos todos irmãos, iguais, filhos do mesmo Pai. A dor do outro é minha, sua alegria, da mesma forma. 

Quisera eu arrancá-los da inércia, do torpor e tirar-lhes a venda dos olhos, mas muitas vezes até eu me pego engolfada nas minhas preocupações exclusivas comigo mesma. O problema não consiste em preocupar-se consigo, mas em preocupar-se exclusivamente consigo, como se fosse a única pessoa a habitar a Terra. Em meio às nossas ansiedades acerca do futuro, o Papa nos indica o caminho a seguir: “Jovens, muitos de vós estão desconcertados, inquietos, desamparados... Que futuro os espera? Que trabalho conseguireis? 

Quem poderia vencer os vícios da sociedade? Deus nos indica o que temos de lhe pedir primeiro: O Espírito Santo, seu Espírito que renova nosso espírito, nosso coração! Maria abriu-se ao Espírito Santo. O Poderoso fez nela maravilhas. Ele fará em nós grandes coisas!” (1983). E Continua: “Para mudar o mundo, é pedido a vocês que vivam de modo diferente. Não na superfície de vocês mesmos, às voltas com as múltiplas solicitações que vos propõe nossa sociedade de consumo, mas em profundidade. Procurem tempo para a oração, para a reflexão, para o silêncio, para nascer na verdade de vocês, numa relação verdadeira com Deus e com os outros” (Namur, 1985). 

Podemos, aliás devemos, fazer projetos pessoais, estabelecer objetivos e metas e procurar atingi-las. Mas não podemos ficar de braços cruzados, “sentados à sombra de um coqueiro” enquanto muitos sofrem. É nossa missão dar um contributo – através de orações e atos concretos – para que todo e cada homem seja feliz. 

Nós, jovens cristãos, não podemos deixar de nadar contra a corrente, temos um compromisso com Deus e com a humanidade. Devemos gritar que há algo mais do que cursos universitários, bons empregos, academias, festas ... tudo isso é bom, mas não basta. Devemos ser os construtores de uma nova sociedade, “a civilização do amor”. Precisamos sair de nós mesmos e irradiar coragem e entusiasmo, dando-nos, generosamente, a Deus e aos outros. 

Lutando para que aconteça aqui, entre nós, a justiça, a paz, a verdade, a honestidade, a caridade, o perdão... o amor! Não é à toa que Jesus nos deu uma regra de ouro: Devemos fazer aos outros aquilo que desejamos para nós (cf. Mt 7,12). Se queremos um mundo melhor, devemos construí-lo para os outros e com os outros. Precisamos mostrar ao mundo que existe uma outra forma de vida. Que existe algo maior do que ele, maior do que nós, maior do que tudo. 

Nossa responsabilidade não é pequena, segundo o Papa João Paulo II, nós, jovens, somos “testemunhas da eterna juventude de Deus” (Namur, 1985). O que Deus jovem sugere que façamos? Como Ele deseja que vivamos? Quais as atitudes, projetos e ideais que Ele nos inspira? Estejamos atentos e ... mãos à obra! 

As citações de João Paulo II foram retiradas de: Ange, Daniel. João Paulo II, Dom de Deus. Fortaleza: Shalom, 1997. 


Fonte: Revista Shalom Maná 

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